A superlotação no abrigo para crianças e adolescentes em Campinas escancara uma realidade preocupante no sistema de proteção à infância na cidade. O Centro Municipal de Proteção à Criança e ao Adolescente, que deveria acolher no máximo 20 pessoas, abriga atualmente 27 menores, ultrapassando o limite determinado pelo Conselho Nacional de Assistência Social. A situação ocorre desde março e levanta questões sobre a capacidade do município de atender a essa população vulnerável de forma segura e digna.
Segundo uma funcionária do abrigo, que preferiu não se identificar, a superlotação em abrigo de Campinas agrava a falta de recursos humanos para o atendimento individualizado das crianças. Atualmente, de três a quatro educadores sociais se revezam nos turnos, quando o ideal seria pelo menos cinco profissionais fixos. A consequência direta disso é que muitas crianças não conseguem participar de atividades médicas, terapêuticas e educacionais fora da instituição, por falta de acompanhamento adequado.
Outro reflexo direto da superlotação em abrigo de Campinas é a precariedade das condições de acomodação. Algumas crianças chegaram a dormir em colchões no chão, improvisados em locais sem estrutura, devido à ausência de camas suficientes. A unidade ainda abriga três crianças com deficiências e problemas de saúde mental, além de seis bebês com menos de um ano de idade, exigindo cuidados ainda mais especializados. A falta de profissionais adequados para lidar com essas demandas complexas agrava ainda mais o cenário.
A funcionária ainda relatou que, diante da superlotação em abrigo de Campinas, a equipe técnica tem alertado insistentemente a gestão sobre os riscos físicos e emocionais enfrentados tanto pelos acolhidos quanto pelos servidores. Apesar dos avisos, as providências parecem insuficientes para resolver o problema de forma estruturada. A denúncia foi levada ao Ministério Público de São Paulo, que confirmou estar acompanhando a situação por meio da Promotoria da Infância e Juventude.
A prefeitura de Campinas reconheceu a superlotação em abrigo de Campinas, mas atribuiu o problema a decisões judiciais emergenciais que exigem acolhimento imediato. A administração afirmou que a situação é pontual e que já está tomando medidas para resolver o problema. Entre as ações anunciadas estão a contratação emergencial de uma nova casa de acolhimento com capacidade para 30 crianças, além da convocação de novos servidores públicos para reforçar a equipe existente.
Outro ponto citado pela prefeitura como resposta à superlotação em abrigo de Campinas é a ampliação da frota de veículos, com o objetivo de garantir que as crianças participem de compromissos externos como atendimentos médicos e escolares. A prefeitura também prevê a inauguração de um novo abrigo com mais 20 vagas a partir de julho. As iniciativas são importantes, mas ainda não garantem solução definitiva se não forem acompanhadas por planejamento de longo prazo.
Especialistas afirmam que a superlotação em abrigo de Campinas é reflexo de uma sobrecarga do sistema de acolhimento em todo o país. A falta de políticas públicas de prevenção, o crescimento de casos de abandono e a carência de apoio às famílias em situação de vulnerabilidade contribuem para o aumento das demandas judiciais por acolhimento. Quando o poder público não consegue oferecer estrutura adequada, os direitos das crianças e adolescentes são comprometidos.
A superlotação em abrigo de Campinas exige mais do que respostas emergenciais. É necessário um plano estratégico de expansão e qualificação do serviço de acolhimento, com investimentos em infraestrutura, contratação de profissionais e desenvolvimento de políticas de reintegração familiar. As crianças acolhidas dependem de cuidados integrais para superarem traumas e conquistarem um futuro digno. O caso em Campinas deve servir de alerta para que medidas mais eficazes sejam implementadas em todo o Brasil.
Autor: Mia Wilson