Pesquisadores descobriram uma nova espécie de perereca-de-pijama no Brasil, se trata da Boana guarinimirim. O novo anfíbio vive em um dos biomas mais ameaçados do mundo: a Mata Atlântica. A perereca endêmica foi encontrada na Serra da Mantiqueira, entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
“Diante da suspeita, nós comparamos morfologias externas, cantos e DNA e fizemos comparações, com espécies de coleções nacionais e internacionais. Com os resultados, chegamos a conclusão que se tratava de um novo anfíbio”, destaca Pedro Marinho.
Ainda segundo o biólogo, algumas diferenças morfológicas chamaram a atenção dos pesquisadores. “Essa nova perereca se difere de suas espécies intimamente relacionadas pela presença de uma crista cloacal e apêndice calcâneo entre a Boana Guarinimirim e as espécies mais evolutivamente próximas dela”, conta.
O status de conservação da espécie ainda não foi levantado. Mas Pedro Marinho destaca a importância de conhecer e registrar esses animais que vão aparecendo. “Infelizmente, cerca de 90% desse bioma foi destruído. E ainda assim, encontramos frequentemente novos animais. Isso mostra o quanto é importante avançar em pesquisas para proteger essas espécies que muitas vezes correm risco”, explica o especialista.
Ainda segundo Marinho, os pontos representados por um triângulo simbolizam os lugares onde a espécie ocorre. “Essa pequena porção da Serra da Mantiqueira, fica entre os estados do Espírito Santo e Minas Gerais. Os pontos representados por losangos indicam ainda uma outra possível nova espécie em Minas Gerais evolutivamente próxima da Boana guarinimirim, mas esforços de amostragem adicionais e novas fontes de evidência, como morfologia das larvas e características cromossômicas, devem avaliar se as linhagens são coespecíficas”, detalha.
Perereca-de-pijama
As pererecas-de-pijama são espécies da família Hylidae e têm hábitos noturnos. Costuma ficar em árvores, em áreas abertas. Elas são encontradas principalmente nas regiões sul, sudeste e centro-oeste.
Durante a fase adulta, chega a medir três centímetros. A espécie recebe esse nome por conta de suas listras verticais em seu dorso. Usa a vocalização como estratégia de defesa. Quando ameaçada, emite um grito de agonia ou se finge de morta.
A reprodução ocorre geralmente na estação chuvosa. Os machos se reúnem em torno de lagoas, brejos e riachos e atraem as fêmeas através do coacho. A fertilização é externa. As fêmeas liberam seus ovos na água e os machos, o espermatozoide.