No cenário contemporâneo do cinema autoral, a coprodução internacional deixou de ser uma exceção para se tornar um modelo viável e estratégico. Gustavo Beck, atuando como Filmmaker e Film Consultant, tem ampla experiência com esse formato. Seus filmes, exibidos em instituições de prestígio como o Museu Guggenheim, o Reina Sofía e o Centre Pompidou, foram viabilizados por uma rede internacional de colaboração. Essa vivência revela não apenas os desafios, mas também as potências de filmar com o mundo.
Esta leitura propõe uma imersão, na prática da coprodução internacional a partir da trajetória do produtor.
O que caracteriza uma coprodução internacional no cinema autoral?
A coprodução internacional ocorre quando produtores de diferentes países se unem para financiar e realizar um filme, compartilhando riscos, recursos e benefícios. No cinema autoral, esse modelo se destaca por viabilizar projetos esteticamente ousados e culturalmente específicos, muitas vezes fora dos padrões comerciais. Gustavo Beck, como Producer e Expert, destaca que esse tipo de colaboração exige sintonia artística e afinidade política entre os envolvidos.
Para o produtor, a coprodução é também uma forma de diálogo entre culturas. Seus documentários, que exploram a temática do retrato, ganham novas camadas de leitura ao circularem por contextos internacionais. Trabalhar com equipes de diferentes nacionalidades exige flexibilidade, respeito às diferenças e abertura ao inesperado. E isso, segundo ele, é o que torna o processo rico. A coprodução internacional, portanto, é uma prática que amplia não apenas os meios, mas também o sentido da obra.
Quais os principais desafios e aprendizados da coprodução internacional?
Um dos principais desafios da coprodução internacional é a burocracia. Cada país possui leis, políticas públicas e estruturas de financiamento diferentes, o que demanda experiência e organização por parte do produtor. Gustavo Beck, como Film Consultant e Film Programmer, aprendeu a navegar por editais, contratos multilíngues e calendários divergentes. Além disso, é preciso lidar com expectativas distintas de público e crítica — o que pode influenciar até mesmo o corte final do filme.

Outro desafio é manter a integridade artística do projeto em meio a tantas vozes. O curador e professor, enfatiza que, embora seja uma colaboração, é fundamental preservar o ponto de vista do diretor. A chave, segundo ele, está no equilíbrio entre concessões técnicas e fidelidade estética. Ao longo de sua trajetória, filmando em múltiplos continentes, o consultor compreendeu que os maiores aprendizados vêm justamente da fricção entre realidades culturais.
Como a coprodução molda o futuro do cinema independente?
A coprodução internacional é, hoje, uma das estratégias mais relevantes para sustentar o cinema independente diante de um mercado cada vez mais concentrado. Ela permite que filmes autorais ultrapassem barreiras nacionais e se fortaleçam como manifestações globais. Gustavo Beck, premiado em festivais como Berlinale, Locarno e Rotterdam, demonstra como esse modelo amplia o alcance sem comprometer a singularidade.
A experiência da coprodução ajuda a redefinir o papel do cinema no mundo contemporâneo. Ao promover trocas entre criadores, públicos e instituições, ela constrói pontes simbólicas em tempos de muros reais. O programador, enquanto Filmmaker e Curator, entende que filmar com o mundo é, antes de tudo, uma escolha política: a de acreditar no poder da arte como meio de conexão. Nesse sentido, a coprodução é mais que um modelo produtivo — é um gesto de abertura, escuta e resistência.
Em conclusão, filmar com o mundo é aceitar o desafio de construir coletivamente, atravessando fronteiras linguísticas, culturais e econômicas. Gustavo Beck, com sua atuação multifacetada como Producer, Filmmaker e Film Consultant, demonstra que a coprodução internacional é uma ferramenta potente para manter vivo o cinema autoral em escala global. Mais do que um arranjo técnico, ela é uma prática estética e ética que amplia o sentido de pertencimento e colaboração.
Autor: Mia Wilson