Conforme evidencia o procurador Bruno Garcia Redondo, os julgamentos virtuais são sessões judiciais realizadas por meio de plataformas digitais, permitindo que juízes, promotores, advogados, partes e testemunhas participem remotamente, sem a necessidade de presença física no fórum. Essa modalidade se popularizou especialmente durante a pandemia de COVID-19, quando o distanciamento social exigiu adaptações urgentes no sistema de justiça.
Por meio de videoconferência, sistemas de peticionamento eletrônico e assinaturas digitais, processos puderam seguir seu curso normal, mesmo com os tribunais fechados. A prática foi regulamentada por resoluções dos conselhos da Justiça, como o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que estabeleceram critérios de segurança, publicidade e validade jurídica. Hoje, muitos tribunais já mantêm sessões híbridas ou 100% digitais como opção permanente.
Quais são os benefícios dos julgamentos virtuais para o sistema de justiça?
A adoção dos julgamentos virtuais trouxe diversos benefícios, sobretudo em termos de celeridade e economia. Com a digitalização das audiências, houve uma significativa redução no tempo e nos custos relacionados ao deslocamento de partes e operadores do direito, além da diminuição de atrasos e adiamentos. Para os tribunais, houve também maior economia com estrutura física e recursos humanos.

Segundo o advogado Bruno Garcia Redondo, a acessibilidade foi outro ponto positivo: advogados e partes de regiões remotas passaram a ter mais facilidade para participar de audiências que, antes, exigiam viagens longas. Em muitos casos, a realização de sessões virtuais tornou possível o andamento de processos que ficariam paralisados por tempo indeterminado, contribuindo para a redução do acúmulo de ações no Judiciário.
Quais são os principais desafios enfrentados nos julgamentos virtuais?
Apesar das vantagens, os julgamentos virtuais também enfrentam desafios importantes, pontua Bruno Garcia Redondo. Um dos principais é a garantia do contraditório e da ampla defesa, especialmente em situações que envolvem pessoas sem acesso adequado à internet ou equipamentos. Problemas técnicos, como quedas de conexão e falhas no áudio ou vídeo, podem comprometer o andamento da audiência e a qualidade dos depoimentos.
Há ainda preocupações quanto à privacidade e segurança das informações, já que a gravação e o armazenamento das sessões exigem protocolos rigorosos para evitar vazamentos. Outro ponto delicado é a dificuldade de avaliação da linguagem corporal e das reações emocionais das testemunhas e acusados, o que pode afetar a percepção de veracidade por parte dos juízes e jurados.
Julgamentos virtuais comprometem o direito à defesa?
Essa é uma questão polêmica e divide opiniões. Enquanto alguns especialistas defendem que os julgamentos virtuais podem garantir os mesmos direitos dos julgamentos presenciais, desde que bem estruturados, outros apontam que a distância pode enfraquecer a interação entre o réu e sua defesa. Em casos criminais, por exemplo, a ausência física do advogado ao lado do réu pode gerar uma sensação de isolamento ou insegurança, dificultando uma comunicação eficaz.
Além disso, Bruno Garcia Redondo explica que a impessoalidade do ambiente digital pode reduzir a capacidade de argumentação oral e o impacto emocional dos discursos perante o juiz ou o júri. Por isso, muitos advogam pela realização presencial em casos mais complexos ou sensíveis, especialmente aqueles que envolvem restrição de liberdade.
Em conclusão, ainda que não substituam totalmente as sessões presenciais, os julgamentos virtuais já se consolidaram como uma alternativa viável, especialmente para casos menos complexos ou de menor impacto emocional. Para Bruno Garcia Redondo, a tendência é que, com o tempo, os julgamentos virtuais sejam aprimorados por meio de novas ferramentas tecnológicas, como tradução simultânea, acessibilidade para pessoas com deficiência, e até realidade aumentada.
Autor: Mia Wilson